sexta-feira, outubro 28, 2005

De ética percebo eu!

Os juízes também fizeram greve. Insistem que não teve nada a ver com a perda de regalias mas sim com ataques à independência ao orgão de soberania do qual fazem parte, desrespeito.pelos tribunais e pelos magistrados, etc. Em relação à quebra de indepenência dos tribunais, a ocorrer, seria uma violação gravíssima do estado de direito. Não vi até agora explicação por parte dos juizes que justifiquem estas acusações, certamente por suas excelências acharem-se tão acima da plebe que não perderão tempo com estes pormenores. E se fosse verdade, imagino que muitos sectores da sociedade já teram feito coro em relação a este suposto abuso.

Em relação à forma indigna como os juizes têm sido tratados, o desrespeito constante pelos tribunais, acho curioso que a classe só tenha mostrado uma repulsa tão veemente pelo estado de coisas na precisa altura em que são ameaçados de lhes serem retirados alguns direitos. Certamente daquelas coincidências inexplicáveis que só acontecem uma vez na vida. Se não fossem pessoas tão impolutas, diria que a greve destina-se apenas a espernear contra perda de direitos que têm, e o resto são desculpas sem nexo.

Perguntaram ainda a um juiz (sindicalista?) se não achava que uma greve dos juizes pouco ética, porque se trata de um órgão de soberania. Com um sorriso irónico, sua eminência judicial disse algo do género: «Sobre ética, os juízes não têm de aprender nada com ninguém.» Quer este senhor dizer que um indivíduo por ser juiz imediatamente fica emanado de um conhecimento excelso da doutrina ética, a qual cumpre sem mácula. Certamente que a toga que suas altezas usam lhes confere propriedades mágicas que não estão acessíveis ao resto dos mortais, e lhes dê um estatuto ético que nenhum de nós pode aspirar.

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quinta-feira, outubro 13, 2005

Novo blog

Passei a escrever também para um novo blog: Sexo dos Mitos. Trata-se de um blog escrito por mim e por Olga Lopes, autora do Simples Opiniões.

Para cada assunto existirão duas visões, uma masculina e outra feminina. Não se trata propriamente de um estilo pergunta/resposta, nem de provocação/retaliação mas, diria antes, estímulo/desenvolvimento. Mas vão lá ver que é fácil de perceber.


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sábado, outubro 08, 2005

Sexo e família

Num programa familiar, uma sexóloga insiste para os pais falarem de sexo com os filhos. Será que esta gente não sabe o que é a privacidade? E falar de sexo, para estas pessoas, significa o quê? Falar das doenças, dos métodos anti-conceptivos? Ou vir com tiradas vazias, tipo do sexo sem amor não ter sentido? Ou será que se quer que a mãezinha dê uma aula de anatomia ao filho, lhe dê umas dicas como deve dar mais prazer a uma mulher? Será que o filho que receba estas lições não corre riscos de achar o sexo uma coisa medonha para todo o sempre?

Uma coisa é não fazer do sexo um tabu, mas outra totalmente diferente é dar educação sexual em casa. Há muitos pais que não percebem que não podem ser amigos dos seus filhos, porque a amizade (a verdadeira) implica uma total igualdade entre as partes. Os pais têm tarefas ingratas a desempenhar, às vezes têm de parecer maus, ingratos, até incompreensíveis. Aqueles que se orgulham dos pais serem os seus melhores amigos acabam por ser profundamente desequilibrados e dependentes.

Os pais que se orgulham de terem a coragem de mostrar filmes pornográficos aos filhos ou de irem às discotecas com eles não se apercebem de duas coisas. Uma é da figura ridícula que estão a fazer, tentando-se fazer passar por algo que já não são. Outra é que não estão a ajudar em nada os filhos, não lhes estão a mostrar uma entrada segura para o mundo das coisas “obscuras”, simplesmente estão a dar um enquadramento limitado dessas coisas.

Ao contrário da ideia comum, o sexo é também para tomar contacto com os colegas, com os que exageram, com os que contam mentiras. Os pais não têm de dizer aos filhos todas as verdades do mundo, têm sim de lhes dar condições para eles descobrirem o que é a verdade, e não limitá-los a descobrir apenas aquilo que eles próprios também sabem. O adolescente vai ter ideias erradas na cabeça, vai questionar a sua anatomia, vai pensar que já devia ter feito isto ou aquilo, vai ficar desesperado imensas vezes, vai criar ilusões sem sentido (passando o pleonasmo). E depois?
O ser humano tem a determinada altura que se confrontar consigo mesmo. Tem que se questionar sobre o que andou a fazer, sobre as suas expectativas, sobre os caminhos a tomar. Se for super-protegido talvez nunca o faça e não passe de uma pálida imagem do seu potencial. Os pais têm de dar aos seus filhos o direito de eles errarem mas também de se superarem. Os filhos não podem ver o sexo como uma continuação de algo que os pais já fizeram. Tem de ser para eles uma coisa totalmente nova. A sua primeira vez é como se fosse a primeira para todo o universo, porque, em certa medida é mesmo.

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