terça-feira, julho 25, 2006

Vida, morte e alma

A vida é tudo. A diferença entre os últimos momentos de um moribundo e a morte já consumada é abissal. O sopro de vida quando se extingue leva tudo consigo. O medo da morte é o medo de perder tudo. O corpo da pessoa morta parece ser de ninguém, falta-lhe algo. Dizer que lhe falta vida, para além de óbvio, parece estar aquém da verdade. Daqui surge a ideia de algo mais poderoso que o corpo, a alma, que se foi. Mas se a alma é inegavelmente mais poderosa que o corpo, pode-se supor que enquanto o corpo perece a alma perdura. É a morte que nos faz acreditar que há algo em nós que nos transcende e que nos pode ligar ao absoluto.

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segunda-feira, julho 17, 2006

Pausa para despedida

Temos tendência para achar lúcidas as pessoas que exprimem as nossas ideias melhor que nós próprios. Por isso ficamos fascinados com tanta facilidade quando alguém diz coisas banais e completamente erradas, apenas porque não nos apercebemos que aquelas “grandes verdades” mais não são que admiração por nós mesmos.


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terça-feira, julho 11, 2006

Estratégias portuguesas

Em Portugal cimentou-se há não sei quantos séculos uma cultura de evitar a realidade, utilizando todo uma série de estratégias de “desenrascanço”. As aqui abordadas não pretendem ser um exclusivo nacional, apenas são avaliadas à luz do nosso contexto. A totalidade do pacote e toda uma série de pormenores é que farão do português um exemplar único.


CHICO ESPERTO

Talvez seja a estratégia nacional número 1. Em cada português há um Chico Esperto em potencial, sempre ávido pela descoberta de uma solução milagrosa que resolva todo e qualquer problema. O Chico Esperto é acima de tudo um crente porque das duas uma. Ou acredita que a sua solução disparatada é mesmo genial, ou então sabe que é disparatada mas pensa que ninguém irá descobrir isso. Esta esperteza é transversal a toda a sociedade, na cidade e no campo, nas escolas, universidades, locais de trabalho, nas relações pessoais, nos iletrados e nos sapientes. Os políticos vão para a Europa mendigar esmolas da foram mais despudorada. Lembro-me que o projecto socialista para regionalização era desenhado de tal forma que algumas regiões iriam aparecer muito pobres. Ao Chico esperto nunca lhe ocorre que outros podem ter exactamente as mesmas ideias, e mesmos os países ricos conseguem encontrar regiões pobres. O Chico Esperto nunca avalia se de facto é assim tão esperto, esquece facilmente, segue sempre em frente respondendo a um erro sempre com outro erro.


FAZER PASSAR-SE POR PARVO

Pode-se considerar uma variante do Chico Esperto. Pode parecer incrível, mas o português não se preocupa em fazer figura tola para se livrar de alguma responsabilidade ou para obter alguma informação. A versão suave é “fazer-se desentendido”, mas em muitos casos o português orgulha-se de conseguir algo por ter dado a entender que era ainda mais estúpido do que na verdade é. Aqueles que se orgulham de se fazerem passar por parvos, pensando que é uma bravata de elogiar, esquecem que lhes restava a opção de serem frontais. Há também a questão da evidente falta de dignidade que a pessoa se submete e nem se pode dizer que os fins justifiquem os meios porque certamente existiam meios mais eficazes de atingir os mesmos fins.


EM TERRA DE CEGOS QUEM TEM UM OLHO É REI

Esta estratégia tem múltiplas interpretações. Existe uma interpretação passiva que diz que, afinal, não tem mal ser cego, metáfora para medíocre. Existe também a interpretação oportunista, que tenta transformar qualquer mediania em genialidade absoluta. E finalmente há uma interpretação activa, que defende que para atingir a realeza há que cegar todos em volta. Em todos estes casos o indivíduo nunca procura melhorar-se a sim mesmo. Pode desculpar-se, colocar-se em bicos dos pés ou tentar eliminar a concorrência, mas nunca lhe ocorre a possibilidade de aperfeiçoamento pessoal. Muito menos a possibilidade de cooperar com outros.


OS POLÍTICOS SÃO TODOS IGUAIS

É curioso que a maior parte das pessoas que usam frases feitas o faz unicamente para ocupar um espaço vazio. Classificar os políticos uniformemente é um dos sintomas do relativismo absoluto. Não há, ao contrário do que parece, qualquer juízo de valor sobre a classe política, mas sim uma demissão. O indivíduo desiste de avaliar as situações com inteligência e ponderação. Pode dar ares de pessoa bem pensante e preocupada com os outros quando insulta os poderosos e apela à vitimização colectiva. Curiosamente, este tipo de mentalidade propicia exactamente o tipo de situação que critica, ou seja, o aparecimento do político profissional esteriotipado e medíocre. Quando os eleitores preferem o chavão à ponderação, os políticos mais íntegros, bem preparados e capazes acabam por se desmotivar, porque as suas qualidades são melhor apreciadas em outros lados onde não são insultados e ainda por cima melhor pagos. No lugar destes ficam aqueles que não se importam de serem insultados, os medíocres, corruptos e incapazes.

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terça-feira, julho 04, 2006

Falta pouco

Para o final do mundial… Os favoritos Brasil e Argentina já tropeçaram. A fúria espanhola não digeriu bem a baguete francesa. Ninguém liga aos italianos e eles a caminho da final. Portugal não está mal e já superou as expectativas. Mas porque as superou, agora criou novas que nos podem fazer aumentar a desilusão.

Um post a sério para a semana…

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