Música e morte
Faz hoje 60 anos desde a morte do compositor húngaro Béla Bartók É um dos pouco compositres eruditos do século XX que, sem negar a modernidade, consegue ser apreciado por um público amplo. A utilização de elementos folclóricos, que pesquizou intensamente, conferem à sua música um carácter próprio, notado nos ritmos e melodias. Os compositores do século XX foram-se afastando do que era audível para o comum dos mortais. Cada vez mais radicais, esploraram todos os aspectos possíveis do som e a música parecia não ter barreiras. O resultado é que, mesmo entre públicos cultos frequentadores assíduos de concertos, a audição de música contemporânea é quase nula. Tal ocorreu também com outras artes, como a pintura e ainda não está completamente feita a destrinça entre o que é lixo e aquilo que simplesmente está “acima” dos ouvintes.
Por seu lado, a música popular tornou-se cada vez mais fácil de ouvir. Esquemas cada vez mais simplificados ao ponto de se tornarem insuportáveis. Não era apenas mais um formato disponível. Gerações foram reeducadas nos seus gostos musicais e, mais geralmente, na forma de ouvir. A complexidade foi afastada, o belo só era reconhecido se fosse também óbvio. Criou-se uma cultura dominante, politicamente correcta, que pensou ter o direito de dizer aos outros o que está certo ou errado. É curioso ser a mediocridade a achar estar no patamar superior.
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