sábado, outubro 08, 2005

Sexo e família

Num programa familiar, uma sexóloga insiste para os pais falarem de sexo com os filhos. Será que esta gente não sabe o que é a privacidade? E falar de sexo, para estas pessoas, significa o quê? Falar das doenças, dos métodos anti-conceptivos? Ou vir com tiradas vazias, tipo do sexo sem amor não ter sentido? Ou será que se quer que a mãezinha dê uma aula de anatomia ao filho, lhe dê umas dicas como deve dar mais prazer a uma mulher? Será que o filho que receba estas lições não corre riscos de achar o sexo uma coisa medonha para todo o sempre?

Uma coisa é não fazer do sexo um tabu, mas outra totalmente diferente é dar educação sexual em casa. Há muitos pais que não percebem que não podem ser amigos dos seus filhos, porque a amizade (a verdadeira) implica uma total igualdade entre as partes. Os pais têm tarefas ingratas a desempenhar, às vezes têm de parecer maus, ingratos, até incompreensíveis. Aqueles que se orgulham dos pais serem os seus melhores amigos acabam por ser profundamente desequilibrados e dependentes.

Os pais que se orgulham de terem a coragem de mostrar filmes pornográficos aos filhos ou de irem às discotecas com eles não se apercebem de duas coisas. Uma é da figura ridícula que estão a fazer, tentando-se fazer passar por algo que já não são. Outra é que não estão a ajudar em nada os filhos, não lhes estão a mostrar uma entrada segura para o mundo das coisas “obscuras”, simplesmente estão a dar um enquadramento limitado dessas coisas.

Ao contrário da ideia comum, o sexo é também para tomar contacto com os colegas, com os que exageram, com os que contam mentiras. Os pais não têm de dizer aos filhos todas as verdades do mundo, têm sim de lhes dar condições para eles descobrirem o que é a verdade, e não limitá-los a descobrir apenas aquilo que eles próprios também sabem. O adolescente vai ter ideias erradas na cabeça, vai questionar a sua anatomia, vai pensar que já devia ter feito isto ou aquilo, vai ficar desesperado imensas vezes, vai criar ilusões sem sentido (passando o pleonasmo). E depois?
O ser humano tem a determinada altura que se confrontar consigo mesmo. Tem que se questionar sobre o que andou a fazer, sobre as suas expectativas, sobre os caminhos a tomar. Se for super-protegido talvez nunca o faça e não passe de uma pálida imagem do seu potencial. Os pais têm de dar aos seus filhos o direito de eles errarem mas também de se superarem. Os filhos não podem ver o sexo como uma continuação de algo que os pais já fizeram. Tem de ser para eles uma coisa totalmente nova. A sua primeira vez é como se fosse a primeira para todo o universo, porque, em certa medida é mesmo.