terça-feira, novembro 16, 2004

Cinema para ignorantes

Este fim-de-semana calhou ter visto dois filmes de seguida no cinema. Coloquei-me na fila para comprar “Terminal de Aeroporto”. Entretanto fui olhando para os outros filmes em cartaz e vi “Alien vs. Predator” e, num impulso, comprei as entradas para os dois filmes, uma sessão após a outra. Devo dizer que tinha duas ideias pré-definidas. Uma delas é que iria gostar muito do “Terminal de Aeroporto”, porque já tinha boas referências e mesmo alguma intuição me disse isso. A outra ideia pré-definida era de que daria o meu tempo por perdido por ver “Alien vs. Predator”, mas tinha de ver o filme para estar em contacto com duas personagens que tinha conhecido na adolescência. São referências que pesam...

Mas o que é que acontece de facto? O certo é que “Terminal de Aeroporto” me agradou mas apenas de forma moderada. Achei um pouco excessivo na caracterização da idiotice da personagem principal e que era possível ser um pouco mais imaginativo no argumento. Pouco depois estava a assistir ao “Alien vs. Predator”. Antevi que o argumento não podia só passar pela luta entre as duas criaturas, e que devia existir um forte elemento humano, só aos poucos aparecendo os extraterrestres. Não me enganei, e o desenrolar da acção foi acontecendo de forma relativamente previsível. No entanto, o filme tem alguns méritos. Consegue esconder relativamente bem e quase até ao fim qual a relação que existe entre a espécies alienígenas e os humanos. Apesar das cenas com aliens terem a impressão que já estarem demasiado vistas, o certo é que ia perdendo aos poucos os preconceitos em relação ao filme, porque consegue manter um razoável expectativa.


E no final, sendo honesto comigo mesmo, só podia admitir que tinha gostado bastante mais de ver “Alien vs. Predator” (o filme medíocre) do que “Terminal de Aeroporto” (o grande filme). As razões nem eu sei bem explicar, talvez tivesse expectativas erradas em relação aos dois filmes, talvez a minha sensibilidade cinéfila seja reduzida, talvez dependa de uma adaptação momentânea de humores (ou dito de outra forma, vendo os filmes em dias diferentes talvez tivesse diferentes opiniões). Ou talvez se de deva a algo completamente diferente. Talvez esteja saturado de mentiras “elevadas”, de caracterizações estereotipadas de seres humanos, que tendem a confundir realidade com ficção e prefira algo que, nem por um momento, pretende ser uma caracterização da realidade e não sai do despretensioso campo da ficção.