Planear o resto da vida
Há duas formas de planear o resto da vida. A mais comum é traçar o caminho da “segurança” e comprometer-se com ele. Casar e ter logo filhos, comprar um carro demasiado dispendioso, meter-se num empréstimo de habitação por décadas. Obviamente que cada um é livre de fazer as escolhas que quiser. Mas ao certo, o que quer o indivíduo que faz estas escolhas? Em raros casos saberá exactamente as consequências dos seus actos, mas valoriza bem o que pode deles adquirir, pelo que os sacrifícios que fará estarão compensados. Contudo, na maior parte das vezes as pessoas vêm-se apanhadas de surpresa. Dizem que querem ser pais e mães mas depois não param de se queixar da carga de trabalhos que lhes dá o bebé. Surpreendem-se com o encargo mensal que é o carro e a casa, como se alguém os tivesse obrigado a comprometerem-se com algo que não desejaram. Afinal, o que queriam? A hipótese que aqui se avança é que desejavam segurança. Pode parecer paradoxal porque algumas das escolhas até os colocam em situações de risco. Mas a segurança que se fala é de algo mais profundo, é a segurança de ter um sentido para a vida. Esse sentido para a vida resulta de compromissos a que não se pode fugir. O indivíduo assumiu responsabilidades para além dele mesmo o que o faz sentir ter atingido outro estatuto que, resto, lhe é reconhecido por outros.
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