Coragem
Basta andar na estrada para perceber que aumentam os actos de inconsciência. Passar o sinal vermelho tornou-se comum. Não apenas aquele vermelho mesmo depois do amarelo, que todos nó abusamos um pouco, mas muito depois deste, já com o verde oposto bem aberto. Um pouco por todo o lado andamo-nos a colocar em situações de risco. Mas, paradoxalmente, quase são inexistentes actos de coragem, porque esta aplica uma avaliação dos riscos.
Os políticos não arriscam propostas audazes, os empresários pouco arriscam e sempre que podem tentam colar-se ao Estado, os trabalhadores preferem a segurança bafienta a qualquer risco, por menor que seja, nos relacionamentos os casais optam pelo mais fácil, ou uma relação de aparências ou separações à mínima altercação, mas em qualquer dos casos entram sempre a medo e estão longe de se empenharem.
É preciso recuar muito para ver coragem a sério nos portugueses. A demanda dos descobrimentos foi um avanço civilizacional, onde se trocaram as conquistas e os saques pela descoberta e o comércio. Dos muitos que partiam nos navios, quase nenhuns conseguiam voltar com vida, mas ainda assim não faltavam voluntários para embarcar. Mas isto pode-se considerar uma excepção.
Acontece que agora a coragem parece que deixou de ser uma opção. Os fortes tornaram-se fracos e os fracos meros alienados. As elites são meros aglomerados de oportunistas sem mérito e em nenhum lado se vêm bons exemplos. Primeiros-ministros saem a meio dos mandatos por não aguentarem a pressão, outros políticos não se atrevem a dizer o que pensam com medo das reacções e os extremistas limitam-se a capitalizar a cobardia. Radicais islâmicos lançam fatwas contra uns rabiscos inofensivos e personalidades com responsabilidades propõem logo uma limitação na liberdade de expressão.
À falta de verdadeiros exemplos, a própria ideia de coragem vaie-se relativizando. Ou confunde-se coragem com inconsciência ou avaliam-se actos banais como corajosos só por não serem cobardes, como se fossem coisas opostas. Mas a coragem tem que ser algo que transborde o próprio ser, algo que alie a inteligência à temeridade. Coragem de entrar no túnel sabendo que será impossível voltar para trás e sem ter a certeza de haver uma saída no outro lado. Coragem para se entregar à verdade, ao amor, à ética sem medo do sofrimento. Coragem de pensar, decidir e agir. Coragem de perceber que podemos estar completamente errados e é necessário de começar tudo do zero. Coragem de parar quando nos apetece estar inquietos. Coragem de ponderar se ainda estamos vivos.
Os políticos não arriscam propostas audazes, os empresários pouco arriscam e sempre que podem tentam colar-se ao Estado, os trabalhadores preferem a segurança bafienta a qualquer risco, por menor que seja, nos relacionamentos os casais optam pelo mais fácil, ou uma relação de aparências ou separações à mínima altercação, mas em qualquer dos casos entram sempre a medo e estão longe de se empenharem.
É preciso recuar muito para ver coragem a sério nos portugueses. A demanda dos descobrimentos foi um avanço civilizacional, onde se trocaram as conquistas e os saques pela descoberta e o comércio. Dos muitos que partiam nos navios, quase nenhuns conseguiam voltar com vida, mas ainda assim não faltavam voluntários para embarcar. Mas isto pode-se considerar uma excepção.
Acontece que agora a coragem parece que deixou de ser uma opção. Os fortes tornaram-se fracos e os fracos meros alienados. As elites são meros aglomerados de oportunistas sem mérito e em nenhum lado se vêm bons exemplos. Primeiros-ministros saem a meio dos mandatos por não aguentarem a pressão, outros políticos não se atrevem a dizer o que pensam com medo das reacções e os extremistas limitam-se a capitalizar a cobardia. Radicais islâmicos lançam fatwas contra uns rabiscos inofensivos e personalidades com responsabilidades propõem logo uma limitação na liberdade de expressão.
À falta de verdadeiros exemplos, a própria ideia de coragem vaie-se relativizando. Ou confunde-se coragem com inconsciência ou avaliam-se actos banais como corajosos só por não serem cobardes, como se fossem coisas opostas. Mas a coragem tem que ser algo que transborde o próprio ser, algo que alie a inteligência à temeridade. Coragem de entrar no túnel sabendo que será impossível voltar para trás e sem ter a certeza de haver uma saída no outro lado. Coragem para se entregar à verdade, ao amor, à ética sem medo do sofrimento. Coragem de pensar, decidir e agir. Coragem de perceber que podemos estar completamente errados e é necessário de começar tudo do zero. Coragem de parar quando nos apetece estar inquietos. Coragem de ponderar se ainda estamos vivos.
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