quarta-feira, junho 14, 2006

Arrogância e insensibilidade

São poucas as pessoas que nunca foram acusadas de arrogância e se isso nunca aconteceu a alguém duvido que seja bom sinal. Obviamente que não sou excepção à regra. Para já, acho que só o próprio indivíduo tem meios para saber, com toda a certeza, se foi ou está a ser arrogante. Isso não quer dizer que não existam circunstâncias em que outros percebam melhor em nós essa maleita, que nos passará eventualmente despercebida. Contudo, há várias incógnitas para quem está de fora que o podem induzir em erro, porque não está a par das reais motivações.

Então, o que chamar a alguém que sistematicamente parece arrogante mas não o é? Diria que insensível, por não perceber que passa essa imagem a outros e nada faz para o alterar. E então, o que dizer de alguém que vê em outros sinais de arrogância amiúde mas nunca indagou sobre as reais motivações? Eu diria que há aqui muita arrogância. Queria, se me fosse permitido, tentar desvendar uma das causas possíveis para a má identificação da arrogância que penso ter descoberto há pouco tempo.

Pessoalmente já confrontei muitas pessoas porque tinha a noção de que elas o não o levariam a mal porque, se estavam a falar entusiasticamente sobre o assunto, honestamente teriam que agradecer a quem também discorresse sobre ele no sentido de chegar mais perto da verdade. Bem sei que nem todas as pessoas querem saber da verdade, mas o que descobri recentemente foi que quase ninguém quer mesmo saber de tal “enormidade”. Ao não perceber isto, a minha atitude parecia arrogante, porque contrariava outros objectivos que não a procura da verdade. Como disse Jean François Revel, os factos são reaccionários.

Portanto, a partir de agora, vou partir do princípio que alguém está realmente interessado na verdade a não ser que me apresentar provas tangíveis que asseverem nesse sentido. Não vou partir da premissa que, ao falar sobre um determinado assunto, um qualquer indivíduo está necessariamente a fazer terapia. Não, nada disso. Haverá certamente outros objectivos muito mais escabrosos que nem me passarão pela cabeça.