terça-feira, agosto 21, 2007

Civilização e religião (17)

A IMPORTÂNCIA DA RELIGIÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO OCIDENTE (4)

Aquilo a que hoje se chama solidariedade social é essencialmente o subsídio de alguns desfavorecidos pelo Estado. Não há qualquer relação directa entre quem paga impostos e quem deles recebe uma pequena parte. Não há verdadeira dádiva nem qualquer gratidão, apenas uma relação fria determinada por burocratas. Robert Royal diz que devíamos seguir o exemplo dos primeiros cristãos e assumir a solidariedade com os mais necessitados directamente. Só deixando o Estado de fora, na medida do possível, é possível reconstruir uma sociedade mais humana onde os indivíduos são conscientes das suas responsabilidades.

A ligação à religião parece desnecessária mesmo para muitos que nela vêm uma importante inspiração para valores e instituições que hoje respeitamos. Contudo, há uma sensação generalizada de que os avanços da ciência e da tecnologia, da economia, a consagração das liberdades políticas e dos direitos humanos, tudo isto, pode dispensar daqui para a frente por completo a religião. E com a vantagem de não serem necessárias mais guerras religiosas. Contudo, desde a Paz de Vestefália assinada em 1648 que não existiram mais guerras desencadeadas oficialmente em nome da religião. A Revolução Francesa que tentou impor a Razão como a única coisa sagrada na realidade o que conseguiu foi causar no imediato uma enorme carnificina. As dezenas de milhões de mortos do marxismo, que dispensaram a religião, também devem ser eloquentes. E o ocidente no século XX, caminhando a largos passos para o ateísmo, teve a partir do seu seio duas guerras mundiais. Visto de fora, o ocidente à medida que foi abandonando a religião, apesar de fazer enormes progressos em várias áreas, caracterizou-se sobretudo pela tentativa de suicídio.
Apesar de todos os seus defeitos, os Estados Unidos são a democracia mais estável do mundo. Os pais fundadores tiveram a lucidez de separar a Igreja do Estado e de assegurar que ninguém possuiria alguma vez demasiado poder através do sistema de separação de poderes conhecido como “checks and balances”. Contudo, tudo isto só foi possível manter durante já alguns séculos porque existe uma moralidade que faz respeitar estes princípios. Foram esses mesmos país fundadores que nunca tiveram dúvidas em assegurar que o fundamento da moralidade e a religião, e abandonando esta todo o edifício irá ruir. Nas palavras de Václav Havel, a democracia só poderá sobreviver e expandir-se se redescobrir e renovar as suas origens transcendentais.