terça-feira, agosto 14, 2007

Civilização e religião (16)

A IMPORTÂNCIA DA RELIGIÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO OCIDENTE (3)

As culturas arcaicas possuiam uma concepção circular do tempo. O Génesis apresenta uma narrativa da criação que rompeu com isto, falando num mundo que teve um início e se dirige de forma linear para um fim. A partir daqui é possível imaginar a História com sentido próprio. Robert Royal acha que se a isto se somar a noção de que o homem foi criado à imagem de Deus, o resultado é a criatividade incessante típica do ocidente. Esta “efervescência” é criticada por aqueles que defendem certas noções de equilíbrio na natureza, criticando todo o progresso das sociedades ocidentais, a começar nas explorações marítimas.

Começou a perceber-se em Santo Agostinho a importância a dar ao indivíduo e à consciência. Surgiu o dilema entre as situações terrenas e a ideia da Deus, que foi pedindo o desenvolvimento da personalidade. Foi ainda no período medieval que surgiu a ideia de que o ser humano tinha direitos inerentes. O final da Idade Média, durante tanto tempo visto de forma simplista como uma era de trevas, viu ser consolidada a separação entre a Igreja e Estado, bem como a limitação de poderes. Não terá sido por acaso que isto tenha sido clarificado quando a noção de personalidade e concomitante responsabilidade tenham ganho maior relevo.
O movimento anticlerical tem avançado duas ideias contraditórias. Por um lado fala da religião como a grande força de bloqueio no desenvolvimento da ciência. Mas também condena a religião por ter posto em marcha todo o desenvolvimento no ocidente que conduziu a uma crise ambiental. Foram os franciscanos no final da Idade Média os responsáveis pelos principais desenvolvimentos científicos, simplesmente porque eram os que prestavam mais atenção ao mundo criado. O desígnio de destruir a natureza também nunca poderia ser uma meta traçada biblicamente quando o que de lá retiramos é um mundo bom, ordenado e inteligível. No entanto, todas estas raízes do que é o ocidente, mais do que esquecidas são fortemente negadas.