segunda-feira, outubro 13, 2003

Como lhe correu o dia?


Hoje, ao início da noite, fui buscar um casaco à lavandaria. À minha frente estava um casal com bastante roupa para depositar e com mais dúvidas ainda. Levaram uma eternidade, e quando se foram embora, a senhora que os atendia ainda demorou mais tempo tratando da roupa deles, etiquetando-a, dobrando-a. Para mim era mais conveniente ser logo atendido, mas percebi que tal ia quebrar o fluxo de trabalho da senhora e se estivesse muita gente à espera poderia se gerar ali o caos e a roupa sair trocada. Mas com tudo isto passaram quase 10 minutos. Não desesperei. Em vez disso, fiquei atento ao que faria a senhora, se me iria pedir desculpa por ter esperado e sorrir-me. Nada disso, de uma forma fria e alheada recebeu-me o talão e deu-me o meu casaco.

Este episódio é tão corriqueiro que parece absurdo estar a mencioná-lo. Mas é um questão mais importante do que possa parecer à primeira vista. Porque se, depois de toda aquela espera tivesse recebido um pedido de desculpas e um sorriso, imediatamente todo o pretenso aborrecimento se teria desvanecido. E são pequenas coisas como esta que, somadas ao longo das horas, nos dão a sensação de o dia ter corrido bem ou mal. Isto vai contra aquilo que as pessoas acham, pensando que um bom dia é quando lhe acontecem coisas extraordinárias e um mau é quando alguém os aborreceu ou se chatearam com alguém. É claro que isto também conta. Mas pequenos gestos são muito importantes, como dar ou receber a vez numa fila de trânsito, receber um sorriso de alguém desconhecido, ou então ver a beleza que tantas coisas têm.

Para isto é preciso estar atento, tanto para melhor aproveitar pequenas coisas boas que vão acontecendo e também para superar ligeiras adversidades, sem ficarmos apegados a elas.