Por caminhos politicamente incorrectos (3)
INOVAÇÃO, EMPRESAS E CONTRAPONTO
Inovação é a palavra de ordem hoje em dia. O Presidente da República falou nisso, o Primeiro Ministro também, os administradores das empresas também falam e os directores de departamentos insistem. As empresas têm que inovar.
Mas continuo o meu contraponto com uma citação de um compositor holandês de nomeada, que penso ainda ser vivo: «A inovação como ideologia, tal como o conservadorismo, é um sinal de estagnação.» Relembrando que no contraponto duas ou mais linhas melódicas, apesar de completamente independentes, contribuem para o todo musical de forma harmoniosa.
Voltando à primeira linha melódica, é inegável que as empresas portuguesas necessitam urgentemente de inovar, nem que seja por uma questão de sobrevivência, não por serem conservadoras mas porque nunca o foram. Na realidade, nunca existiu uma estratégia para as empresas, mas apenas uma manutenção à tona de água, uma sobrevivência artificial, tal como o doente terminal é mantido vivo pela máquina. Para as empresas, a máquina é a fuga aos impostos, o proteccionismo, os baixos salários, subsídios contínuos – tudo coisas em vias de extinção ou que o deveriam ser.
Mas para onde nos leva o progresso económico, consequência da inovação? A Irlanda é um bom exemplo. Era um dos países mais pobres da Europa e actualmente um caso de sucesso económico fulgurante, exemplo a seguir. Curiosamente, ou talvez não, uma das peças de teatro com bastante sucesso nos palcos britânicos baseia-se no saudosismo da velha Irlanda, pobre, dos verdes campos, e olhando criticamente para o presente e os seus novos problemas. Não é só por cá...
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