terça-feira, maio 25, 2004

Instantes televisivos


CASAMENTO REAL ESPANHOL

Segunda-feira os meus ouvidos foram inundados por críticas ao casamento real (ou principesco) em Espanha. Não entrei em diálogo com ninguém sobre o assunto, mas por onde passava, grupos de pessoas insurgiam-se contra a excessiva cobertura televisiva. Alguns afirmavam que ficaram sem saber o que fazer, porque em todos os canais lá estava o casamento. Tendo muitas destas pessoas TV por cabo, podiam ter optado por outros canais, muitos que passam bons documentários a toda a hora. Mas mais estupefacto fiquei por muitas destas pessoas nunca verem televisão (segundo afirmam), e logo foram invadidas por um desejo incontrolável de ligar o aparelho mesmo na altura em que decorria o maldito casamento. Noutro sábado qualquer estariam a dormir, a fazer amor, a cozinhar, nas compras, a saltar de pára-quedas, a dar água às flores, milho aos pombos. Mas neste sábado não...

Infelizmente, confesso que não assisti em directo ao casamento. Mas houve para mim dois momentos notáveis que observei mais tarde. Um deles foi na altura em que, frente ao altar, o noivo fazia as juras de amor eterno. Letícia (é assim que se escreve?) esboça um sorriso quase imperceptível em direcção ao príncipe. Nesse momento, muito mais que as palavras vãs, senti ali existir um momento de real comunicação. Acho muito bonito quando as pessoas casam e ainda conseguem comunicar. Em directo ainda assisti ao célebre momento em que os noivos vão até à janela do palácio, acenam à multidão e beijam-se. Mas, surpresa, também se abraçam... A jornalista que acompanhava o desenrolar da situação deixa no ar a pertinente questão se tal também faria parte do protocolo. Naquele momento questionei-me eu se a imbecilidade jornalística também faria parte do protocolo.


EURO 2004

Scolari de repente ficou polular. Rescrevendo, Scolari tornou-se num ápice popular para as televisões, depois de ser um mal amado por elas. Bem sabemos que agora fica mal ser “bota abaixo”, mas é curioso ver a forma rápida como as coisas mudam e também a forma rápida que poderão voltar a mudar face a algum desaire. Os populares apoiam a selecção. Porquê? Dizem eles que são portugueses. Simples. Quantos anos serão necessários para os intelectuais aprenderam a ser assim em relação a tantas coisas?