Fim de semana comunista (1)
Há uns anos atrás havia uma sensação de que a data 25 de Abril em breve seria esquecida, ficando apenas na mente dos mais saudosistas, talvez já um pouco desligados da realidade. Mas este ano tudo pareceu voltar a avivar-se. Abriu-se o baú das recordações que, como sabemos, não são iguais para todos. Se alguns se identificam inequivocamente com a data e com os acontecimentos, lamentando apenas não se ter ido mais longe, já outros assumem uma posição bastante crítica. E será nestes que reside a maior novidade.
A imagem oficial era, e ainda é, que quem não estiver totalmente a favor dos acontecimentos do 25 de Abril de 1974 é porque é um adepto do antigo regime, da ditadura e um fascista. Recorde-se que os partidos com este pendor são proibidos em Portugal. Mas agora muitos começam a assumir claramente que nem se identificam com o Estado Novo nem com aquilo que se quis instaurar com o golpe de estado. Catadupas de artigos, muitos em blogs, vão tentando fazer história sobre os acontecimentos. Pelo que li, posso dizer algumas coisas. Uma é que a História nada tem de ciência e outra é que só me conseguiram baralhar.
Algo mexe. Os cartazes “Abril é Evolução”, transformados em “Abril é Revolução”, mostram que há sentimentos profundos em alguns, mas também que há ainda pouca consciência do que é a liberdade. Tal como a polémica envolvendo o CDS/PP na não comparência numa recente cerimónia de homenagens. Não sei das razões mas fiquei estupefacto com a estupefacção geral, como se fosse “obrigatório” estar lá. Se o 25 de Abril significa de facto liberdade, então não lhe ponham amarras e não se decretem rituais obrigatórios.
Sobre o título deste post, ele ficará mais bem esclarecido na segunda parte.
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