Tsunami e as várias ajudas
Acho conveniente distinguir entre duas facetas das ajudas às vítimas do tsnunami. Em primeiro lugar, há a ajuda que é necessária para o auxílio imediato, das pessoas que num ápice ficaram sem nada e, por fome ou doença, teriam uma forte possibilidade de encontrar a morte. Depois, há uma segunda fase, de ajuda à reconstrução e talvez até de providenciar de condições que até aí não existiam.
Se a primeira parte da ajuda me parece essencial e bem vinda, já em relação à segunda pode ser perigosa e contraproducente. Há vários riscos, todos associados ao dinheiro fácil. Começa logo por esse dinheiro fácil ser um forte chamariz para os governos locais, bem como todo o tipo de gente corrupta que terá uma imaginação fértil para levar o “seu” quinhão. Não é só a chatice do dinheiro não ir para quem de facto necessita, é algo mais profundo que isso.
A real gravidade de uma injecção maciça de dinheiro é que ajuda a destruir as condições que levam ao desenvolvimento. Um governo que se habitue ao dinheiro fácil tende a crescer, a ficar burocrático, corrupto. E mesmo que o dinheiro vá para as pessoas que de facto necessitem, mais não passa de um presente envenenado. Vai diminuir as pessoas na sua vontade e na sua independência.
Contudo, numa situação como esta de catástrofe, haverá que saber que distinguir a fronteira entre o útil e o prejudicial, o que não é fácil. Alguma ajuda deverá ser dada também à reconstrução, porque se trata de uma situação de excepção. Mas até que ponto, para que não se torne prejudicial? Não o sei dizer, até porque dependerá de caso para caso e as situações serão muito diferentes. Entretanto as pessoas vão ajudando, bastante alheadas destas questões. A humanidade conterá em si forças de criação, destruição e regeneração que vão para além da vontade de grupos isolados.
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