Para descomprimir... Sexo!
Este blog andou a derivar nos últimos tempos. Andou a falar muito de política quando tenho outro blog mais propício a tais obscenidades. Agora que se inicia um novo ciclo, pensei que devia falar de outras coisas mais saudáveis. E um blog que é sobre tudo e sobre nada teria, mais tarde ou mais cedo, que abordar a temática sexual. Vamos então falar do assunto, mas não daquela forma professoral, como se estivéssemos a falar de tachos e panelas.
A questão do orgasmo é uma das maiores ilusões para os homens (com h pequeno). Penso que a excessiva importância que os homens dão ao orgasmo em muito se deve aos anos em que, sem uma companheira, dedicam-se à masturbação intensiva. Mais tarde, quando têm a possibilidade de iniciar manobras conjuntas, os seus hábitos ditam que eles se continuem a masturbar, embora o façam com um corpo feminino.
Isto é, se há mulheres que fingem orgasmos, há homens que fingem que os querem proporcionar. Mas fingir não é bem o termo, diria que é mais uma questão de auto-ilusão. Os pobres coitados nunca passam da fase de aquecimento e elas também não. E à conta destas insatisfações abrem-se consultórios e multiplicam-se revistas de sexo explícito ou implícito.
De forma inconfessa, são bastantes as pessoas que querem melhorar a sua performance sexual, mas tentam fazê-lo da pior forma – pelo intelecto e pelo exótico. Lêem tudo sobre sexo que lhes aparece à frente, querem descobrir técnicas tântricas, taoistas, lêem os clássicos eróticos, aprendem massagens, inventam esquemas de sedução, querem ter hiper-orgasmos, orgasmos sem ejacular, experimentar coisas que viram em filmes e em documentários.
Porque razão digo que tudo isto é um erro? Essencialmente porque é uma busca no exterior ao indivíduo. Como se o segredo de tudo fosse um pormenor que só alguns sábios conhecem, ou uma técnica secreta. Mais uma vez é um colocar o intelecto à frente do corpo, mesmo que seja o intelecto a pensar no corpo das formas mais explícitas.
Contudo, tudo seria mais fácil partindo do desejo mais puro. Falo, no meu caso, no desejo pelo corpo feminino, pelas formas, volumes, texturas da pele, pelas suas reacções, movimentos, gestos, gemidos, olhares. Numa lenta progressão (ou não), provando todas as partes, com uma atenção felina às reacções, com um empenhamento total em cada gesto em si, sem pensar apenas num qualquer culminar, torna-se secundário e acessório pensar no orgasmo (masculino), torna-se pouco importante saber se foi rápido ou demorado. O estado natural do homem numa relação (heterossexual) será o de dar prazer a uma mulher. Porque é no fascínio por ela que tudo começa.
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