sexta-feira, fevereiro 25, 2005

A vida intelectual dos macacos - 1


Esta manhã ia sendo atropelado em plena passadeira. Meti-me com cuidado e o local é conhecido dos automobilistas por estar situado próximo de uma estação ferroviária. Fiz uma indicação ao condutor, sem me alterar, de que estava numa passadeira. Ele reagiu irado, fazendo uma expressão de ódio puro, gritando qualquer cosia que não ouvi por ele ter as janelas fechadas.

No comboio, um grupo de mulheres, que já ultrapassaram os 30, falavam animadamente das intrigas do trabalho. Não percebo as motivações doentias que, logo pela manhã, levam as conversas para as coisas mais banais e mesquinhas que podem existir.

Minutos depois, dois jovens na casa dos 20 sentam-se ao meu lado e começaram a falar ruidosamente. Filosofavam sobre as coisas do mundo. Um deles, universitário, avançou com uma tirada do género: «O mundo está muito alterado. Alguns locais estão a arder de tanto calor que faz. E na Ásia é ao contrário, chove e faz tsunamis.»

Destes 3 exemplos, os dois primeiro (grunhice e mesquinhez) são nossos velhos conhecidos. Já o terceiro exemplo tem mais que se lhe diga. Trata-se de uma espécie de idiotice refinada. Tenho visto surgir nos últimos tempos uma tendência das pessoas falarem sobre os mais variados temas, mesmo que deles nada saibam. Não vejo nisto um problema em si, mas não deixa de ser um fenómeno curioso. Falarei mais dele no próximo post.