Jovens e cantorias
“OS AMIGOS QUE ELE LEVOU PORRADA”
Dizia uma jovem na praça pública e não pude evitar deixar de ouvir. Talvez a ignorância e o analfabetismo funcional não sejam dos maiores problemas para os jovens de hoje em dia. Vai ter consequências, talvez Portugal volte a ser um oásis de mão-de-obra barata. Mas como dizia Olavo de Carvalho, ao contrário da saúde e do dinheiro, a inteligência quando desaparece menos falta parece fazer. E estes jovens irão querer um trabalho qualquer que não os obrigue a pensar, coisas que eles anos a fio evitam fazer.
Mas o que me chamou mesmo a atenção foi ver que em termos de relações sociais estes jovens estão ao nível de macaquinhos. Mesmo em termos cénicos, um grupo de pré-universitários quando se junta faz lembrar estes pequenos animais. Saltam, berram e não têm o mínimo respeito pela propriedade privada ou pelo descanso alheio. E são uns carneirinhos, por excelência, ou devia dizer, macaquinhos de imitação, que lutam desesperadamente por chamar a atenção do líder da macacada. Exagero, talvez. Afinal, a fase hormonal há-se passar, talvez fiquem mais responsáveis, com menos medo de pensar.
Porque o que realmente me prendeu naquela frase foi a evidente contradição entre amizade e uma carga de porrada. Para estes jovens, a amizade necessita apenas de conhecimento mútuo e alguma proximidade. Escusado seria tentar explicar que a amizade não é nada disso, que pressupõe igualdade e respeito. E se um amigo vai à luta é para defender o seu amigo e não para o massacrar. Talvez até percebessem a explicação mas iriam perguntar para que serve essa tal de “amizade” onde aparentemente nada se ganha. Talvez nem seja um problema da juventude porque a maior parte dos adultos também não dá grande valor à Amizade.
FESTIVAL DA CANÇÃO
Já não me recordo há quantos anos não via este evento, mas em boa hora o fiz. Não vou falar da qualidade das canções em disputa, que em média até me surpreenderam pela positiva (escusado será dizer que as minhas expectativas eram muito baixas). Vou falar da canção vencedora, da sua falta de qualidade e das peripécias envolvidas. Os autores foram logo explícitos quando falaram em algo despretensioso e alegre. O primeiro choque foi ver que o refrão era a cópia descarada de uma outra música qualquer, que não estou bem a ver qual mas sei que existe. O segundo choque foi ver a postura das 4 ou 5 “intérpretes”, jovens a abanar o rabo de forma insegura e sem qualquer chama. O terceiro choque foi vê-las “cantar” individualmente. O quarto e maior choque foi a actuação do júri, que acabou por ser decisivo na escolha do vencedor.
A opção da organização foi dividir o peso das votações 50% para o júri e 50% para as votações dos telespectadores, sendo o desempate feito no lado do júri. Imagino que para estes espíritos simples isto seja sinónimo de democracia. O júri tinha figuras tão sapientes como a estilista Fátima Lopes, que começou logo por dizer que não percebia nada daquilo. E aos poucos as votações iam pendendo para aquela aberração musical que acabou por subir ao pódio. O último a votar foi um crítico musical, que fez uma introdução a “partir a loiça toda”, e a dizer que os outros membros do júri estavam equivocados mas acabou por votar na mesma que os outros. E lá iam deixando escapar que era uma votação estratégica, mais ao sabor do que poderia ter mais hipóteses na Eurovisão.
Não percebo porque uma votação exclusivamente do público português não seria uma melhor avaliação do que seria o gosto “europeu”, para além de ser mais barato. Se era para ocupar o tempo apenas, há toda uma série de alternativas que não as de fazer propaganda a figuras públicas que há muito caíram na decadência e lá pretendem ficar. Mas enfim. O que me chateava mesmo era se o dinheiro dos meus impostos tivesse sido utilizado para pagar alguma destas coisas.
Dizia uma jovem na praça pública e não pude evitar deixar de ouvir. Talvez a ignorância e o analfabetismo funcional não sejam dos maiores problemas para os jovens de hoje em dia. Vai ter consequências, talvez Portugal volte a ser um oásis de mão-de-obra barata. Mas como dizia Olavo de Carvalho, ao contrário da saúde e do dinheiro, a inteligência quando desaparece menos falta parece fazer. E estes jovens irão querer um trabalho qualquer que não os obrigue a pensar, coisas que eles anos a fio evitam fazer.
Mas o que me chamou mesmo a atenção foi ver que em termos de relações sociais estes jovens estão ao nível de macaquinhos. Mesmo em termos cénicos, um grupo de pré-universitários quando se junta faz lembrar estes pequenos animais. Saltam, berram e não têm o mínimo respeito pela propriedade privada ou pelo descanso alheio. E são uns carneirinhos, por excelência, ou devia dizer, macaquinhos de imitação, que lutam desesperadamente por chamar a atenção do líder da macacada. Exagero, talvez. Afinal, a fase hormonal há-se passar, talvez fiquem mais responsáveis, com menos medo de pensar.
Porque o que realmente me prendeu naquela frase foi a evidente contradição entre amizade e uma carga de porrada. Para estes jovens, a amizade necessita apenas de conhecimento mútuo e alguma proximidade. Escusado seria tentar explicar que a amizade não é nada disso, que pressupõe igualdade e respeito. E se um amigo vai à luta é para defender o seu amigo e não para o massacrar. Talvez até percebessem a explicação mas iriam perguntar para que serve essa tal de “amizade” onde aparentemente nada se ganha. Talvez nem seja um problema da juventude porque a maior parte dos adultos também não dá grande valor à Amizade.
FESTIVAL DA CANÇÃO
Já não me recordo há quantos anos não via este evento, mas em boa hora o fiz. Não vou falar da qualidade das canções em disputa, que em média até me surpreenderam pela positiva (escusado será dizer que as minhas expectativas eram muito baixas). Vou falar da canção vencedora, da sua falta de qualidade e das peripécias envolvidas. Os autores foram logo explícitos quando falaram em algo despretensioso e alegre. O primeiro choque foi ver que o refrão era a cópia descarada de uma outra música qualquer, que não estou bem a ver qual mas sei que existe. O segundo choque foi ver a postura das 4 ou 5 “intérpretes”, jovens a abanar o rabo de forma insegura e sem qualquer chama. O terceiro choque foi vê-las “cantar” individualmente. O quarto e maior choque foi a actuação do júri, que acabou por ser decisivo na escolha do vencedor.
A opção da organização foi dividir o peso das votações 50% para o júri e 50% para as votações dos telespectadores, sendo o desempate feito no lado do júri. Imagino que para estes espíritos simples isto seja sinónimo de democracia. O júri tinha figuras tão sapientes como a estilista Fátima Lopes, que começou logo por dizer que não percebia nada daquilo. E aos poucos as votações iam pendendo para aquela aberração musical que acabou por subir ao pódio. O último a votar foi um crítico musical, que fez uma introdução a “partir a loiça toda”, e a dizer que os outros membros do júri estavam equivocados mas acabou por votar na mesma que os outros. E lá iam deixando escapar que era uma votação estratégica, mais ao sabor do que poderia ter mais hipóteses na Eurovisão.
Não percebo porque uma votação exclusivamente do público português não seria uma melhor avaliação do que seria o gosto “europeu”, para além de ser mais barato. Se era para ocupar o tempo apenas, há toda uma série de alternativas que não as de fazer propaganda a figuras públicas que há muito caíram na decadência e lá pretendem ficar. Mas enfim. O que me chateava mesmo era se o dinheiro dos meus impostos tivesse sido utilizado para pagar alguma destas coisas.
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