Falta de tempo
“Não ter tempo para nada” parece ser um dos males dos tempos modernos. Contudo, penso que esta percepção em geral é uma mentira ou um erro. Não nego que há situações de vida que roubam de facto todo o tempo disponível, nascimento de crianças, ser trabalhador-estudante, estar envolvido num projecto de importância extrema. Em geral são situações temporárias e não são estas que nos fazem dizer que não há tempo para nada. Pensamos isso para o cidadão comum na sua vida corrente e não em situações excepcionais. Em alguns casos a falta de tempo é apenas uma desculpa para a preguiça e para a falta de interesse pela vida. A desculpa pegou e o mais desocupado dos indivíduos, que pode passar horas afundando-se no sofá frente à televisão, diz-nos que não tem tempo para nada caso lhe proponham alguma actividade mais “pesada”. Está no seu direito, obviamente, utilizar a mentira como trave mestra da sua existência.
Mas na maior parte dos casos, a sensação de não haver tempo suficiente para fazer algo mais que o essencial é apenas um erro. Isso não quer dizer que o tempo não seja escasso, porque o é, e bastante. Para compatibilizar isto a palavra-chave é, dizem-nos, planeamento. Planear existe desde tempos imemoriais mas nas últimas décadas tornou-se num intenso campo de estudo porque é uma das variáveis que mais afecta a produtividade. É curioso que nos cursos de gestão de tempo oferecidos pelas empresas, parte-se do princípio que aos colaboradores de uma empresa pouco interessa essa coisa de ser produtivo e por isso a motivação principal, a cenoura que faz o burro puxar a carroça, é que planear o trabalho dá mais tempo para a vida privada. Mais ainda, pode-se planear a própria vida privada e torná-la mais proveitosa.
Se planear a vida profissional aceita-se em parte, nem que seja por pressões superiores, planear a vida privada parece ser contra-natura para muitas pessoas. Os argumentos são vários, e à cabeça é logo o da impossibilidade de planear a vida privada. É um argumento que obviamente não resiste à mínima contestação, pelo que de seguida argumenta-se que, se o tempo já é tão reduzido, como é possível ainda perder mais algum a planear? Aí teremos de convencer as pessoas de que o esforço é apenas inicial e no curto prazo poupa-se tempo. Finalmente surge um argumento filosófico, o de que planear tira espontaneidade à vida. Se este argumento parece o mais válido, e em termos de liberdade individual é incontestável, no concreto é o mais disparatado de todos. Porque se há algo que falta à vida das pessoas que não se planeiam é a espontaneidade. O problema é que elas nem se apercebem que são escravas permanentes da ansiedade de não ter tempo. E se fosse verdade, como poderiam valorizar essa espontaneidade se não têm tempo para a praticar? A espontaneidade advém dos indivíduos terem-se libertado de alguns fardos que lhes deixam a possibilidade de concentrar no essencial. Por isso, o melhor planeamento é aquele que dá mais tempo à criatividade. Porque planear não é decidir de antemão tudo o que se vai fazer mas criar balizas temporais que possibilitem fazer o que se quiser.
Mas na maior parte dos casos, a sensação de não haver tempo suficiente para fazer algo mais que o essencial é apenas um erro. Isso não quer dizer que o tempo não seja escasso, porque o é, e bastante. Para compatibilizar isto a palavra-chave é, dizem-nos, planeamento. Planear existe desde tempos imemoriais mas nas últimas décadas tornou-se num intenso campo de estudo porque é uma das variáveis que mais afecta a produtividade. É curioso que nos cursos de gestão de tempo oferecidos pelas empresas, parte-se do princípio que aos colaboradores de uma empresa pouco interessa essa coisa de ser produtivo e por isso a motivação principal, a cenoura que faz o burro puxar a carroça, é que planear o trabalho dá mais tempo para a vida privada. Mais ainda, pode-se planear a própria vida privada e torná-la mais proveitosa.
Se planear a vida profissional aceita-se em parte, nem que seja por pressões superiores, planear a vida privada parece ser contra-natura para muitas pessoas. Os argumentos são vários, e à cabeça é logo o da impossibilidade de planear a vida privada. É um argumento que obviamente não resiste à mínima contestação, pelo que de seguida argumenta-se que, se o tempo já é tão reduzido, como é possível ainda perder mais algum a planear? Aí teremos de convencer as pessoas de que o esforço é apenas inicial e no curto prazo poupa-se tempo. Finalmente surge um argumento filosófico, o de que planear tira espontaneidade à vida. Se este argumento parece o mais válido, e em termos de liberdade individual é incontestável, no concreto é o mais disparatado de todos. Porque se há algo que falta à vida das pessoas que não se planeiam é a espontaneidade. O problema é que elas nem se apercebem que são escravas permanentes da ansiedade de não ter tempo. E se fosse verdade, como poderiam valorizar essa espontaneidade se não têm tempo para a praticar? A espontaneidade advém dos indivíduos terem-se libertado de alguns fardos que lhes deixam a possibilidade de concentrar no essencial. Por isso, o melhor planeamento é aquele que dá mais tempo à criatividade. Porque planear não é decidir de antemão tudo o que se vai fazer mas criar balizas temporais que possibilitem fazer o que se quiser.
O planeamento da vida pessoal tem uma dificuldade extra em relação ao profissional, relacionado com os objectivos, que à partida estão definidos neste último. Porque não tem sentido nem eficácia planear sem objectivos em vista que realmente se querem alcançar. A situação de vida de cada um é tão complexa que ninguém de fora pode ajuizar o que é melhor para outrem. Por isso, o que escrevi acima tem uma validade relativa, não tendo sido pensado como um conselho que todos deveriam aplicar.
<< Home