Um olhar diferente sobre os políticos
Há que varrer um pouco o negativismo, começando por aquele que se encontra neste blog. Fui invadido pela tentação invulgar de elogiar políticos, sem qualquer ironia, esforçando-me o máximo para lhes vislumbrar qualidades. É o que farei neste post, referindo-me aos líderes partidários nacionais, porque há políticos que também são pessoas.
Durão Barroso teve uma longa e penosa travessia no deserto como líder da oposição. No fundo, nada liderou, nem a oposição nem o seu partido, perdendo apenas a sua razoável imagem como antigo ministro. Chegou a primeiro-ministro em condições difíceis, não só porque uns fugiram mas também porque poucos se lhe quiseram juntar. Mal habituados a uma passividade guterriana, os portugueses ficaram surpreendidos com uma série de medidas assumidas pelo novo governo e talvez Durão Barroso tenha ganhado a admiração inconfessa de muitos, apesar da crítica ser a nota dominante.
Paulo Portas mostrou que também sabe o que é o sacrifício. Acima de tudo, elogio-lhe o sentido de estado. O CDS/PP apenas ganhou alguma relevância eleitoral devido aos discursos inflamados e populistas de Paulo Portas. Assumindo agora uma postura bastante mais serena, Paulo Portas estará a condenar-se a si e ao seu partido a uma morte política.
Ferro Rodrigues foi dos poucos ministros que escapou razoavelmente da derrocada do PS, fruto do seu trabalho determinado. Já podia ter-se demitido várias vezes, mas prefere continuar a se sacrificar, ao invés de deixar que outros o façam. Queima-se a si mesmo deixando o PS quase intacto.
Carlos Carvalhas é um exemplo de educação. As suas convicções fortes contrastam com a sua postura serena, dando a imagem de uma pessoa incapaz de impor algo. Talvez tenha passado despercebido a muitos, mas Carvalhas já admitiu há alguns anos que a União Soviética não tinha sido um modelo a seguir.
Francisco Louçã tem três características que fazem falta a muitos políticos: Inteligência, energia e criatividade. O Bloco de Esquerda é acusado muitas vezes, a meu ver justamente, de ser uma força política que avança ideias irreais, com a irresponsabilidade de quem sabe que não as terá que levar à prática, jogando habilmente com uma comunicação social benevolente que lhes faz uma boa propaganda às suas bandeiras. No entanto, para além deste folclore, o BE apresenta também contributos bastante mais esclarecidos e discretos num parlamento em que Louçã é sem dúvida um dos seus melhores oradores.
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