A vida intelectual dos macacos – 3
O tipo de comentadores que descrevi anteriormente, gera inúmeros clones anónimos, misturados entre nós. Qualquer um de nós o pode ser. A diferença é que os clones vulgares têm, em geral, uma fraca retórica, as suas motivações emocionais/ideológicas são mais erráticas e, muitas vezes, o discurso nem procura seguir qualquer tipo pensamento lógico.
Na prática, qualquer pessoa passou a falar sobre política, economia, ambiente, medicina, e tudo mais, como de futebol se tratasse. Foi a multiplicação dos comentadores de bancada. É como se tivesse passado a era dos especialistas em alguma coisa, para aquela em que todos são especialistas em generalidades. Ao mesmo tempo, o assumir de responsabilidades e o confronto com a realidade foram desvalorizados, como se fossem empecilhos.
E de facto, são mesmo empecilhos, tais como os verdadeiros especialistas. Os especialistas são apenas reconhecidos em áreas puramente técnicas e mesmo assim não em todas. O especialista passou a ser detestado porque restringe a liberdade dos comentadores de bancada. O especialista limita a divagação à verdade objectiva, é implacável com cada ideia traçada, não se apegando emocionalmente a ela. O especialista, portanto, estraga a festa.
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