Momentos de dispersão
Olho-me no espelho. Uma vaga sensação de agrado atinge-me. Talvez a cor da T-shirt, que há muito não vestia, realce o tom de pele que, conjugada com o desalinho dos cabelos, forma uma imagem de alguma beleza. Contudo, algo diz-me que a pessoa que vejo no espelho não sou eu mas, apesar disso, ainda lá estou. A minha existência só começa alguns centímetros abaixo da pele que se reflecte, como se estivesse dentro duma caixa estanque, que é a imagem exterior. O verdadeiro Ser quer sair, revelar-se na sua plenitude, mas ainda não sabe como o fazer.
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