segunda-feira, janeiro 19, 2004

Como lidar com pessoas desagradáveis?


Desenganem-se se pensam que vou dar aqui uma lição comportamento ou exibir uma pretensa sabedoria. Na verdade, escrevo este post para tentar encontrar a resposta. Não me preocupam aquelas pessoas mesmo muito desagradáveis e que nos fizeram algo muito mau. Essas até nos podem motivar, estimular a criatividade e dar energia – acabam por ser nossos mestres, se os sabemos utilizar com inteligência. Porque se alguém me faz muito mal eu só tenho duas opções. Ou sou superior a isso e ignoro, sem me deixar perturbar. Ou então, se tal não for viável, parto a louça toda, de forma brutal. Para mim, não é hipótese fazer de conta que não ligo e depois enveredar por vinganças mais ou menos dissimuladas, entrando num ciclo sem fim.

Mas as pessoas desagradáveis a que me refiro são outras. São aquelas a quem somos forçados a conviver diariamente (colegas de escola, emprego, de grupos de actividades, por vezes familiares e vizinhos). Algumas delas pareciam de início agradáveis, mas vamos descobrir que são fúteis, mesquinhas, que nos utilizam para terapia, que nos querem transmitir os mesmos ódios a que eles se dedicam. São pessoas a quem sorrimos, tivemos alguma estima e chegámos a abrir o coração. Mas depois constatamos que fomos ingénuos, que nos abrimos a alguém completamente encerrado, que apenas vê nos outros uma forma de exprimir os seus caprichos. É ambígua a sensação em relação a estas pessoas. Por um lado ainda sentimos alguma simpatia por elas, devido a uma boa impressão inicial, mas uma repulsa ao mesmo tempo por aquilo que a pessoa realmente é.

Acabo por não me descobrir o que fazer com estas criaturas. Tiram-nos a energia, a vontade de conhecermos outras pessoas, e também a disposição para nos abrirmos e expressar aquilo que somos. De tão insuportáveis que são, há o risco que nos tornemos como elas, pequenas, vazias, sem alma. Talvez seja por isso que procuro tantas vezes a solidão...