Tanta pressa para quê?
O mundo moderno encerra em si estranhos comportamentos que acabaram por fazer parte do padrão dominante. As pessoas andam sempre em correrias, sem tempo para nada, sempre com pressa de chegar a algum lado. Impacientam-se nas filas de trânsito, em que alguns metros de terreno ganhos ou perdidos se transformam em grandes vitórias ou derrotas, por vezes à custa de arriscadas manobras. Um sinal vermelho no memento errado pode estragar um dia. As buzinam apitam por tudo e muitas vezes por nada. O próprio pensar é apressado, aos solavancos, sendo talvez uma das razões de serem cometidos tantos atropelos à lógica.
Acontece, por vezes, se a pressa justificável. É preciso ir buscar o filho à escola, apanhar o transporte público, chegar a horas à entrevista de emprego ou ao exame, não deixar que a pessoa amada fique à espera… Mas mesmo quando não há nenhuma urgência ou algo marcado, a agitação continua. Há sempre pressa que o momento presente termine, como se houvesse algo muito importante para depois que não pudesse esperar. Sempre o depois, o depois…. O depois.
Mais tarde ou mais cedo, o depois chega. Terminadas todas as tarefas deprimentes, enfadonhas, repetitivas, o depois, o momento da verdade, chegou. Mas aí, o indivíduo que sempre se apressou para chegar ali, não estava preparado. Sente-se perdido e não sabe o que fazer.
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