quarta-feira, janeiro 21, 2004

Piercings e inocência


Em muito locais Lisboa encontram-se cartazes, colados de forma meio anárquica, a anunciar espectáculos, lançamentos de novos discos e filmes, propaganda política de sindicatos e do Bloco de Esquerda, entre outros. Aqui está a prova que a esquerda anda sempre junto à cultura, porque ninguém está a ver um cartaz do PP ao lado de outro a anunciar o circo Cardinali no Parque das Nações. É assim que eu, andando a pé para o almoço, vou aumentando a minha cultura geral e estando a par das novidades.

Um cartaz que em chamou a atenção tinha duas jovens, com os rostos juntos em grande plano, sendo uma loura, do lado esquerdo e olhando de frente e outra morena, à direita olhando um pouco de lado, também, supostamente, para nós. Ambas tinham a língua estendida para mostrarem bem o piercing instalado. Várias coisas me poderiam suscitar referência, como a beleza das raparigas, o seu ar provocativo, ou ainda que se fossem dois homens naquela posição todos diriam que eram gays mas assim ninguém comenta. Mas na verdade o que me chamou a atenção foi uma frase abaixo, que referia a “Inocência Perdida”. Também havia menção ao número 13, provavelmente a idade das meninas (será que este post passa a ser vagamente pedófilo?).

Se bem percebi, a mensagem era que duas jovens de 13 anos, com piercings na língua e ar provocativo, só pode querer dizer que já não são inocentes. Não sei porquê, não consigo engolir esta ligação directa. Sempre achei que as pessoas que gostam de exibir piercings bastante inocentes (nem todos os que os usam os exibem). Mas talvez seja eu o, por me parecerem desinteressantes e enfadonhas pessoas que com muita ânsia de protagonismo e de se mostrarem diferentes.

Isto faz-me lembrar de uma reportagem que passou há uns anos atrás na TV, de um indivíduo que estava a colocar um piercing no pénis, numa altura em que ainda era semi-novidade em Portugal. Dizia que era para fazer uma surpresa à namorada, mas assim deve ter feito mais que uma. Não sei porque razão concordou que o filmassem durante as manobras de incrustação, se para ser conhecido (não me lembro da cara dele), ou para que o achassem corajoso (confesso que não tinha coragem para fazer o mesmo). O certo é que no dia seguinte ouvi muitas pessoas falarem no assunto, mas o que mais comentavam era a sua “pila muito pequenina.” Não sei se era propriamente disto que ele estaria à espera. Mais um post sem grandes conclusões...