A origem dos desportos radicais
Em tempos idos era costume os pais darem sovas monumentais nos filhos. Será de espantar que algumas destas “alegadas vítimas” mostrem, muitos anos depois, uma grande admiração por quem os agredia de forma brutal. Questionados, a admiração é explicada de várias formas. Por vezes, é a morte dos pais que os perdoa automaticamente. Mais frequente é a noção que, apesar dos defeitos, estas pessoas duras sabiam impor respeito, ao contrário do que acontece hoje em dia. Dizem ainda alguns que, no fundo eles tinham amor pelos filhos mas não o sabiam exprimir, sendo esta era a forma de os educarem e impedir que eles seguissem maus caminhos.
Proponho outra explicação: Adrenalina. No fundo, a coça mais não seria que uma descarga ritual de adrenalina. Nos casos extremos, não havia dia que não houvesse o “correctivo”. O pai severo muitas vezes parecia procurar pretexto para se irar e começar a lançar o terror. Numa conversa há tempos, alguém me falava desses tempos, há muitas décadas atrás. Foi bastante claro, pois afirmou no dia que não apanhasse sentia que lhe faltava algo, assim como ao seu pai. «Eu estava viciado naquela violência», afirmou. E continuava, com estórias que mostravam que tudo aquilo lhe fornecia uma energia incrível, sentindo-se invencível.
Os tempos mudaram, agora bater nos filhos já vem sendo coisa rara. Muitos pais já nem querem ralhar aos filhos, pensando que o melhor que lhes podem fazer é serem o mais protectores possível. Não admira que as crianças que assim vivem sufocadas, ao crescerem, procurem o perigo, a agitação e adrenalina que nunca tiveram em desportos chamados radicais mas que deviam é ser chamados infantis.
Bem, isto foi uma provocação. É melhor não nos apegarmos muito às nossas teorias se não as podemos colocar à prova.
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